27/02/2012

O coninhas

Há uma característica que, no fundo, todas as mulheres apreciam nos homens. Não é bem uma característica, é mais uma capacidade. Eles conseguem passar ao lado das pequenas coisas que muitas vezes transtornam uma mulher. O mexerico da vizinha (deixa-a falar!), o vaso que desapareceu (levaram uma grande coisa!), a nódoa que não quer sair (ela logo sai. Se quiser!), e a roupa que não ficou bem passada (no corpo nem se nota!).
No entanto nem todos os homens são assim, há uma pequena percentagem que tem em conta, muito em conta, estas adversidades da vida: os coninhas.
Os coninhas, também chamados conanas, importam-se com tudo o que a vizinha diz, investigam até descobrir quem roubou o vaso, e se não descobrirem arranjam um culpado, lavam a camisa cinco vezes na maquina e por fim à mão, num só dia, (podem mesmo gritar com a nódoa se esta não sair, e não, não são obsessivos-compulsivos, a nódoa é que está a desafiá-los), e passam-na até que não fique uma ruguinha.
Atenção que isto nada tem a ver com homossexualidade. Os coninhas interessam-se pelo sexo oposto, o sexo oposto é que não se interessa por eles. Bem, a maioria das mulheres não se interessa, mas de tempos a tempos lá se vê um coninhas casado.
É mau ter um coninhas como marido mas eu acredito que ainda seja pior tê-lo como patrão. Porque a mulher que o escolhe para casar, supostamente ama-o, como ele é. Quem trabalha para um coninhas, trabalha porque precisa e não tem muita escolha.
Imaginem a mulher mais detestável à face da terra, mesquinha, embirrante, insensível ao alheio, cínica. E agora metam-lhe um bigode. Pronto, aí está: um conhinhas em todo o seu esplendor. Ridículo mas mais confiante e empertigado que um actor dos Morangos com Açúcar.
E como é que se lida com um coninhas? Identifica-se, cumprimenta-se uma vez por dia com um sorriso e mantém-se uma eterna distância de segurança, para que o coninhas nunca se lembre de si quando o dia lhe correr mal.


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